Dizem que o filósofo disse:
Penso, logo existo.
Eram outros os tempos. O tempo, generoso, concedia tempo no tempo e o homem era porventura menos ambicioso.
Pesem embora as vicissitudes de que todas as épocas são prenhes, o homem permitia-se parar, rodear o erudito e escutar o seu dito ou, mesmo que de silencio se tratasse, meditar, atapetando o caminho da reflexão.
No tempo de hoje, e em abono de suposto conforto, o sistema agilmente se perverteu e no primado da busca do supérfluo, o essencial é secundário.
Tu tens ? Eu também tenho de ter... não importa o que seja.
Os próprios eruditos, creio que existam alguns, enviesam e aproveitam-se da credulidade dos seguidores na peugada do mesmo objectivo.
Assim nestes tempos de verdadeira dúvida na busca, de insegurança pessoal, haveria
necessidade de converter o dito
Viesse o filósofo a este tempo e decerto aconselharia::
Penso logo hesito.
E aos verdadeiros pessimistas:
Penso logo desisto.