Tudo o que nos rodeia e os seres nossos contemporâneos, são, na realidade, geniais obras-primas.
Extasio mas o artista confunde-me! A confusão é legitima na medida em que não me é fácil compreender um criador, supremo artista, destruindo obras tão perfeitas para criar de novo, e recuso o argumento duma lenta evolução.
Porquê o nasces, vives e morres ? A forma será diversa; a sina a mesma:
NASCES entre milhões de hipóteses para que algumas resultem e entras na cadeia alimentar;
E, como se não bastasse, cria o animal humano, o mais animal de todos, concedendo-lhe favores e ferramentas que o fazem supor superior, quando na essência se reduz à mesma condição e tem por acréscimo a sensibilidade que lhe permite elaborar os sentimentos e emoções, e ainda a possibilidade de, por vontade própria, interromper o ciclo imposto, o que nos outros animais, e sem prova cientifica, parece acontecer apenas numa certa espécie de baleia e em algumas aves que ingerem sementes venenosas.
É entre esse misto de beleza e dor que balança o homem e os seus valores, superando uns a condição, outros não. Destes, grande parte, sem saber que nas suas ferramentas tem a chave dos próprios problemas, tenta que o outro compreenda o seu sofrimento, aproxima-se, não tanto para que lhe indiquem o caminho, mais para que aceitem e compreendam a sua natureza de seres em crise e, se tal não acontece, o ponto de ruptura é atingido e a saída do ciclo da vida pode surgir como solução única.
A ajuda atempada, em resposta ao seu grito, evita o sedimento de crises sucessivas mal resolvidas que os poderão conduzir à intenção suicidária e sua concretização.
Muitos fomos ao fundo do nosso poço e muitos saímos, sempre com feridas por sarar. Poderia fazer aqui o relato duma viagem ao fundo do meu e não o faço por razões várias, algumas capitais.
Receio encontrar lá em baixo a serenidade que me acomode, sem regresso, e teria ainda de me despir demasiado e o frio vai de rigor.
Além disso, se aqui chegaram, já leram 397 palavras e não quero abusar da vossa paciência.